Documentação organizada autonomamente.
Localização: Depósito 2 Caixa 1
Grupo informal surgido no Porto a partir de reunião em casa de Mário Brochado Coelho a 29 de Abril de 1974, em que um elevado número de pessoas debatia a nova situação política e gizava possibilidades de actuação, e na sequência da grande manifestação do 1º de Maio de 1974 naquela cidade. Os fundadores da organização dinamizaram a mobilização do bairro social S. João de Deus para a referida manifestação. A organização procurar responder à necessidade de actuação imediata e ligação às bases de várias pessoas na sequência do 25 de Abril, como Mário Brochado Coelho, Jorge Almeida Fernandes, Ricardo Lima, Ernesto Santos ou Luísa Cerveira Pinto. Rejeitando a burocracia partidária e actuando como um pequeno grupo, pouco estruturado, não-hierarquizado, sem delegação, centralização do poder e normas escritas, apostando numa coordenação informal, sem qualquer tipo de exigência de filiação por parte dos militantes, revelava-se ideologicamente difuso. Numa orientação de esquerda revolucionária, detectam-se elementos marxistas-leninistas, libertários, anarquistas ou rousseauístas, bem como a defesa do poder popular e da democracia directa, perspectivando que seria da iniciativa popular que nasceria a revolução.
O grupo terá na publicação do jornal “O 1º de Maio - Jornal de apoio às lutas populares”, a partir de 1 de Junho de 1974, a sua actividade e razão de existir fundamental. Um mês após a publicação do primeiro número surge um núcleo em Lisboa com Julieta Gandra, Fernanda Tomás, Ângela Vidal, Fátima Patriarca, Valentim Alexandre, Acácio Barata Lima, Nuno Pereira da Silva ou Fernanda Granado. O grupo caracterizava-se também pela dispersão geográfica de uma rede descentralizada de núcleos.
A 25 de Julho de 1975 sai o último número do jornal. Interrompida a sua publicação, por razões económicas, o grupo ficava reduzido a uma organização política inexpressiva e inicia um processo de desintegração. No entanto há ainda aproximações à FEC(m-l), tentativas de fusão com a ORPC (ml) ou a integração, em Agosto de 1975, na Frente de Unidade Revolucionária (FUR) que englobava também a Frente Socialista Popular (FSP), a Liga Comunista Internacionalista (LCI), a Liga de União e Acção Revolucionária (LUAR), o Movimento de Esquerda Socialista (MES), o Partido Revolucionário do Proletariado – Brigadas Revolucionárias (PRP – BR), o Movimento Democrático Português/Comissão Democrática Eleitoral (MDP/CDE) e o Partido Comunista Português (PCP).
Tal como muitas outras organizações revolucionárias, com forte ligação aos movimentos sociais, a organização O 1º de Maio entrará em refluxo após o 25 de Novembro de 1975, conhecendo ainda alguns momentos de fugaz notoriedade com textos de elementos seus na revista “Gazeta” ou no quadro dos vários actos eleitorais no ano de 1976, nomeadamente no apoio a Otelo e aos GDUP nas eleições presidenciais.
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Trabalho realizado por um grupo de colaboradores do Jornal "O 1º de Maio"
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Ano II: Nº 17 - Especial (25 de Julho de 1975)
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