Série 007 - Conselhos Revolucionários de Trabalhadores Soldados e Marinheiros (CRTSM)

Zona de identificação

Código de referência

PT-AHS-ICS-ACP-007

Título

Conselhos Revolucionários de Trabalhadores Soldados e Marinheiros (CRTSM)

Data(s)

  • 1975 (Produção)

Nível de descrição

Série

Dimensão e suporte

5 doc; papel

Zona do contexto

Nome do produtor

(1975)

História administrativa

Criados em 1975 por militantes do Partido Revolucionário do Proletariado-Brigadas Revolucionárias, em especial elementos ligados às estruturas de base da Marinha Grande, os Conselhos Revolucionários de Trabalhadores Soldados e Marinheiros (CRTSM) apresentam-se em Congresso Nacional a 19 e 20 de Abril, dias antes das eleições para a Assembleia Constituinte, representando 165 empresas, entre elas Lisnave, Setenave e Siderurgia Nacional, e 26 unidades militares. O pano de fundo era a dinâmica popular em curso e a criação por todo o país de comissões e órgãos de trabalhadores, num contexto ainda marcado pelos acontecimentos de 11 de Março de 1975.
Os CRTSM foram uma efémera tentativa de coordenar a nível nacional os órgãos de vontade popular. Tendo como referente o poder popular e a auto-organização dos trabalhadores e moradores nos locais de trabalho, bairros e quartéis, mas também nos campos, aldeias e locais de ensino, os CRTSM deveriam chamar a si o controlo, administração, gestão e direcção nas empresas e nos campos e o comando dos quartéis.
Embriões dos órgãos de base da ditadura do proletariado, preconizavam a aproximação entre militares e trabalhadores. Uma das prioridades era armar os últimos, tanto para fazer frente a um eventual golpe da direita, como para a tomada do poder pelos próprios trabalhadores. Afirmando-se como “órgãos de aplicação da violência revolucionária enquanto organização de base de vigilância e autodefesa revolucionária”, tinham como objectivo, numa segunda fase de actuação, a criação de um exército revolucionário do proletariado.
O 2º congresso Nacional dos CRTSM terá lugar a 2 e 3 de Agosto de 1975, reflectindo já o Documento-Guia aprovado pela Assembleia do MFA em Julho e as suas orientações sobre a criação de uma extensa rede de associações, grupos, comissões, conselhos e assembleias estruturantes da organização popular a levar a cabo nas unidades e organizações militares.
O lançamento das Comissões de Moradores e Trabalhadores, primeiro, a criação de Assembleias Populares Locais e Municipais, de Assembleias Populares Distritais, de Assembleias Populares Regionais e, finalmente, a criação de uma Assembleia Popular Nacional, “órgão superior de participação popular”, seriam as fases deste processo.
Depois do verão de 1975 a acção dos CRTSM tenderá a ser cada vez menos expressiva, apesar da significativa agitação que logra no seio da instituição militar e do papel de relevo em várias lutas sociais como as do “República” ou da “Rádio Renascença”.

Nome do produtor

(1970-1978)

História administrativa

As Brigadas Revolucionárias (BR), organização armada que se propõe a formar um exército revolucionário e a fazer a revolução socialista em Portugal, surgem em 1970 à luz de uma concepção da luta armada como forma de derrubar o Estado Novo, algo que já vinha sendo preconizado, entre outros, pela Liga de Acção e União Revolucionária (LUAR) e a Acção Revolucionária Armada (ARA), do Partido Comunista Português .
As BR surgem a partir de sectores oposicionistas em Argel, ligados à Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN), e em Paris, com forte presença de dissidentes do PCP e com ligações aos chamados católicos progressistas e elementos que haviam rompido à esquerda com a Comissão Democrática Eleitora (CDE). Corporizando um debate sobre a necessidade de criação de um partido da classe operária e de acção legal capaz de fomentar a mobilização popular, salvaguardando a autonomia orgânica, em Setembro 1973 seria criado em Argel o Partido Revolucionário do Proletariado (PRP).
As BR realizam a primeira acção armada em Novembro de 1971, com uma explosão na base da NATO na Fonte da Telha. Refletindo o peso do anticolonialismo e do combate à guerra colonial, muitas acções terão como alvo estruturas militares das Forças Armadas. Em 1972, destacam-se, por exemplo, o roubo de mapas militares dos Serviços Cartográficos do Exército entregues, depois, aos movimentos de libertação africanos, ou ainda, noutro plano, a largada de porcos em Lisboa vestidos de almirante, satirizando o Presidente da República, Américo Tomás.
Os assaltos a instituições bancárias, ou “recuperações de fundos”, eram a forma de financiar as BR e o próprio PRP, bem como os seus órgãos de informação, “Página Um” e “Revolução”.
Defendendo a criação de organizações autónomas, independentes organicamente do partido e criadas pelos próprios trabalhadores, o PRP vai implantar-se entre a juventude dos centros urbanos e zonas industriais de Lisboa, do Porto, na margem sul do Tejo ou na Marinha Grande.
Com o 25 de Abril de 1974, o PRP renuncia às acções armadas para se dedicar à luta política legal, nomeadamente a acção e agitação junto das massas e dos trabalhadores, sendo suspensa a actividade das BR, ainda que se mantenha um horizonte de eventual organização e insurreição militar, traduzido no desvio e distribuição de armas.
O PRP está presente nos grandes enfrentamentos do ano de 1975, assumindo-se como uma força política a ter em conta, sobretudo pela ligação que estabelece com o COPCON e Otelo Saraiva de Carvalho, desenvolvendo grande actividade no mundo operário, no terreno das lutas sociais, na reforma agrária e nos próprios quartéis, numa óptica de auto-organização popular. Durante o processo revolucionário o PRP esteve ligado ou estimulou a criação de várias organizações como os Conselhos Revolucionários de Trabalhadores, Soldados e Marinheiros (CRTSM), a Frente de Unidade Revolucionária (FUR), os Soldados Unidos Vencerão (SUV) e, mais tarde, os Grupos Dinamizadores de Unidade Popular (GDUP), no quadro da campanha presidencial de Otelo.
Com o radicalizar da situação e a aproximação do 25 de Novembro, as BR são reactivadas, entram de imediato na clandestinidade e dá-se o regresso à luta armada.
Seguir-se-á um período de refluxo em função das mudanças político-militares, não obstante a continuação de assinalável actividade política, de assaltos a bancos e, alegadamente, de acções bombistas. A prisão dos líderes históricos, Carlos Antunes e Isabel do Carmo, em 1978, e o culminar violento de graves tensões internas, levarão a que o PRP seja extinto depois de integrar a Organização Unitária dos Trabalhadores (OUT) e a Força de Unidade Popular (FUP), frente legal das Forças Populares 25 de Abril (FP25) que serão constituídas, na esmagadora maioria, por elementos vindos do PRP e ex-operacionais das BR.

Entidade detentora

História do arquivo

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Zona do conteúdo e estrutura

Âmbito e conteúdo

Contém:

  • [Comunicado] / CTRSM. - [197?]. - organização de conselhos revolucionários;
  • [Comunicado] / Secretariado Nacional Provisório Pró-Conselhos Revolucionários de Trabalhadores Soldados e Marinheiros. - [197?]. - organização de operários, camponeses, soldados e marinheiros em conselhos revolucionários; criação de um partido revolucionário;
  • [Comunicado] / Secretariado Nacional Provisório Pró-Conselhos Revolucionários de Trabalhadores Soldados e Marinheiros. - [197?]. - Manifestação dos CTRSM;
  • [Comunicado] / CTRSM. - [1975]. - «As forças armadas, a GNR e a PSP e os CRTSM»;
  • Panfleto / CRTSM. - Setúbal, 15 Out.1975. - Convocatória para manifestação unitária e apartidária.

Avaliação, selecção e eliminação

Ingressos adicionais

Sistema de organização

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Condições de acesso

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Script do material

Notas ao idioma e script

Características físicas e requisitos técnicos

Instrumentos de descrição

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Existência e localização de cópias

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Localização: Caixa 1, Pasta 7

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