Apontamentos etnográficos.
Diário do Oficial português Rui Pereira Agostinho, morto em combate na Frente Este em 19 de Setembro de 1966. Brochura editada pelo MPLA.
MPLA - Movimento Popular de Libertação de AngolaTranscrição digital de diversas obras inéditas escritas por Francisco Santos Serra Frazão. Nomeadamente, A Reabilitação dos Negros (1942); Da Vida Afectiva e Sentimental dos Negros de Angola: Apontamentos Etnográficos (1945), parcialmente publicada no Mensário Administrativo; Ovihemba: A arte de curar entre os Negros de Angola, Apontamentos etnográficos (1945); Amuletos e Feitiços: Breves apontamentos etnográficos sobre os povos de Angola (1946); Da Vida e Morte dos Negros de Angola: Estudos Etnográficos dos Povos Angolanos (1946); Poemas de Gente Negra: Cenas da Vida Africana (1946).
Frazão, Francisco Santos SerraEspólio pessoal de António Tomás Pinto Quartin, constituido quer por documentação de natureza pessoal, quer por panfletos, brochuras, jornais, revistas, e alguns objectos que foi acumulando. Espelha a actividade jornalística e política de Pinto Quartin, contendo ainda correspondência pessoal com políticos e intelectuais da época, e vários dos seus interesses culturais, com especial ênfase no teatro. Espelha também a relação conjugal de longa data (de 1916 a 1970) com Deolinda Lopes Vieira (1888 - 1993), professora primária.
Reúne fontes de grande potencial para a história social e política dos últimos anos da Monarquia Constitucional e da I República e para o estudo da Oposição política ao Estado Novo, cobrindo sensivelmente o período que vai de finais do século XIX até aos anos 50 do século XX.
Strippoli G. Women’s Transnational Activism against Portugal’s Colonial Wars. International Review of Social History. 2022;67(S30):209-236. doi:10.1017/S0020859022000037
This article recovers the history of the transnational women's movement that arose during Portugal's colonial wars (1961–1974). This movement connected women in Portugal and its colonies and operated independently of the PCP, MPLA, PAIGC, and FRELIMO. Most research on women's activism in Portugal, Angola, Guinea-Bissau, Cabo Verde, and Mozambique begins with their relationships to the male-dominated organizations that operated within national frameworks. In contrast, by examining the international connections of these women's groups, this article illuminates their political activities outside national organizations led by men. It shows that women created transnational solidarity networks struggling against the Portuguese Estado Novo and the colonial wars and, in doing so, promoted their own emancipation.
Roque R. The colonial ethnological line: Timor and the racial geography of the Malay Archipelago. Journal of Southeast Asian Studies. 2018;49(3):387-409. doi:10.1017/S0022463418000322
Artigo publicado depois como capítulo em monografia editada por Ricardo Roque e Warwick Anderson, Imagined Racial Laboratories: Colonial and National Racialisations in Southeast Asia, pela Brill 2023.
This article examines the connected histories of racial science and colonial geography in Island Southeast Asia. By focusing on the island of Timor, it explores colonial boundaries as modes of arranging racial classifications, and racial typologies as forms of articulating political geography. Portuguese physical anthropologist António Mendes Correia’s work on the ethnology of East Timor is examined as expressive of these productive connections. Correia’s classificatory work ingeniously blended political geography and racial taxonomy. Between 1916 and 1945, mainly based on data from the Portuguese enclave of Oecussi and Ambeno, he claimed a distinct Malayan racial type for the whole colony of ‘Portuguese Timor’. Over the years he developed an anthropogeographical theory that simultaneously aimed to reclassify East Timor and to revise the racial cartography of the Malay Archipelago, including Wallace’s famous ethnological line.
Les Féminismes:Une histoire mondiale 19e–20e siècles, editado por Yannick Ripa Françoise Thébaud, pela Textuel, 2024.
reúne contributos de mais de 30 autores.
Inserida no capítulo “Le Féminisme s’organise à l’échelle nationale et internationale, 1870-1920, a vinheta dedicada a Adelaide Cabete (1867-1935), inclui duas fontes salvaguardadas pelo AHS. Uma é a reprodução de um postal produzido pelo Conselho Nacional das Mulheres portuguesas, retratando em 1928 este colectivo, e que nos últimos anos tem sido a imagem de fundo do catálogo digital do AHS (ver Mensário #1). A outra é um retrato inédito desta republicana médica ginecologista, proveniente do Espólio PQ. A vinheta é assinada por Anne Cova
Jornalistas em Greve: Imprensa e Sindicalismo na I República
José Nuno Matos
Editado pela Imprensa de Ciências Sociais
A 18 de janeiro de 1921, tipógrafos, distribuidores e jornalistas de Lisboa iniciaram uma greve que se prolongaria ao longo de vários meses e seria responsável pela paralisação da produção e distribuição de uma grande parte dos jornais da capital. Num contexto marcado por duros embates entre sindicatos, patronato e governos, esta greve adquiriu uma particular relevância não só pela sua longevidade, mas por ter originado um conjunto de publicações afetas a ambos os lados da contenda e por ter constituído o que o tipógrafo e sindicalista Alexandre Vieira classificou de «batismo de fogo» dos jornalistas. A partir da análise deste acontecimento, este livro propõe uma reflexão aprofundada sobre a condição económica, social e política de quem dedica a sua vida ao exercício do jornalismo.
Mulheres e Associativismo em Portugal, 1914-1974
Anne Cova, Vanda Gorjão, Isabel Freire, Ana Costa Lopes, Natividade Monteiro
Editado pela Imprensa de Ciências Sociais
Este livro inscreve o estudo do associativismo feminino numa história de longa duração que cobre seis décadas. Obra de história das mulheres, sem esquecer as histórias de vida nem a abordagem biográfica, é também um contributo primordial para a história política de Portugal no século xx, focando aspetos como as relações entre a sociedade civil, as elites políticas e os regimes em vigor, a participação nas duas guerras mundiais, a política colonial, as formas de adesão ou de resistência à ditadura, o lugar das mulheres e das questões que lhes estão ligadas nas aspirações democráticas e na oposição ao Estado Novo.
Para as mulheres que só tardiamente obtiveram direitos políticos, como aconteceu em Portugal, o associativismo desempenhou um papel relevante na sua politização, ao permitir-lhes participar na vida pública, na assunção de responsabilidades e na tomada de consciência delas próprias e das suas capacidades.
Os contornos móveis da articulação entre feminismo, pacifismo, antifascismo, socialismo e anticolonialismo são, aliás, uma das chaves de leitura da história de várias organizações de mulheres e são objeto de debate historiográfico neste livro, que conjuga as abordagens e os métodos de duas disciplinas: a história, sensível aos contextos e às mutações, e a sociologia, mais preocupada em construir modelos ou com a análise quantitativa e gráfica das redes.
Françoise Thébaud, Université d’Avignon
A Urgência da Palavra Impressa. A imprensa dos «intrépidos adolescentes» contra a ditadura (1970-1974)
Jorge Ramos do Ó, Rui M. Gomes
Tigre de Papel
Nos liceus, os números dos matriculados não enganam quanto ao caráter elitista da sua frequência. Em 1970 estavam matriculados 14 870 alunos e, embora em 1973 se confirmasse um acentuado crescimento de 50%, apenas 22 994 alunos frequentavam esta fileira do ensino secundário. Trata-se do maior aumento do contingente liceal durante o Estado Novo, facto a que não são alheios quer a recomposição do tecido económico e social da ditadura quer o crescimento das aspirações sociais e educativas de setores mais alargados da população.
As novas aspirações sociais têm repercussões visíveis e invisíveis, que se multiplicam em surdina, lentamente, ou que se apresentam de modo urgente e ruidoso. Os adultos destes grupos sociais aproveitaram a situação tornando-se notados pelos novos comportamentos de consumo e pela pressão ansiosa sobre o percurso escolar da descendência, mas alguns dos filhos adolescentes optaram por fazer um caminho mais rápido e concluíram muito cedo que a nova vida podia ser acelerada se tomassem a palavra e rompessem com as amarras institucionais da ditadura.
Criar uma nova esfera pública em que pudessem expressar a sua autonomia passa a constituir um programa. Uma parte da construção dessa nova esfera pública foi feita por meio de instrumentos que hoje são parte dos adquiridos pela geração que nasceu depois do 25 de Abril: a liberdade de falar, de escrever, de produzir e difundir informação a partir do livre arbítrio individual e da organização e cooperação em grupo. Para os que hoje participam diariamente nas redes sociais e conhecem a imprensa livre é difícil perceber esta história feita de algum arrojo, porque envolvia a perseguição de um estado policial. Porém, nos primeiros anos da década de 1970, estes meios não existiam; pior, a imprensa livre não existia e quem a quisesse construir teria de se dispor a desafiar os instrumentos de controlo, vigilância e repressão da ditadura. Foi neste contexto que se construiu a aventura da imprensa estudantil do ensino secundário no período terminal da ditadura. É dessa história que são feitas as páginas deste livro.
"Não Somos Bandidos": A vida diária de uma guerrilha de direita: a Renamo na época do Acordo de Nkomati (1983-1985)
Editado pela Imprensa de Ciências Sociais
Em 28 de agosto de 1985, o quartel-general da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) situado na Casa Banana foi atacado pelas forças zimbabweanas e moçambicanas. Parte dos seus arquivos fora apreendida. Nestes, havia a copia manuscrita de milhares de mensagens rádio, decifradas, entre o Estado-Maior General da guerrilha e os grupos locais. Michel Cahen pôde estudar 3401 dessas mensagens datadas de 1983 a 1985. Isso forneceu informações sobre os mais variados aspetos da vida diária desta «guerrilha de direita»: implantações, estruturação e equipamento militar, hierarquia, natureza e duração dos combates, «batalha para a população» pelos dois campos, recrutamentos, deserções, baixas, centralização das mercadorias e repressão do mercado negro dentro da guerrilha, escolas e hospitais em zona da Renamo, bruxaria, relações com os civis e com as milícias (mudjibas), relações sexuais, psicologia dos combatentes, etc. É a primeira vez que a Renamo pôde ser estudada com base em documentos internos.
Monografia de Simone Tulumello, pela Tigre de Papel, 2023.
Este livro volta ao campo da habitação em Portugal para ir além da “crise” que o atravessa: problematiza a própria ideia de “crise” ao mesmo tempo que traça caminhos possíveis para a ultrapassar. Este livro debate, através das políticas públicas, a centralidade do Estado na determinação do acesso à habitação; e o conflito que tem historicamente determinado o equilíbrio de forças entre o direito à habitação e a utilização da habitação enquanto instrumento de lucro e especulação. Este livro volta à história da habitação – das suas políticas, conflitos e direitos – nos 48 anos de democracia para perceber como chegámos aqui. E abre no espaço, com exemplos de outros países, e no tempo, com uma reflexão sobre o Período Revolucionário em Curso, para pensar como podemos sair da “crise” da habitação.
Correspondência de Pinto Quartim. Dactilografado com anotações a manuscrito.
PQ agradece a Evaristo Franco o envio do seu livro "Homens de Fé"