Espólio pessoal, composto por um conjunto diversificado de correspondência trocada no âmbito das várias atividades cívicas e religiosas de Luís Henrique da Silva (1921-1974); documentos pessoais, sobretudo correspondência familiar, diversos conjuntos de fotografias e documentação avulsa sobre as várias viagens que realizou ao Reino Unido, Estados Unidos da América, Canadá e Brasil (1910-1972); documentação referente ao seu percurso profissional no Instituto Comercial e Industrial do Porto e enquanto sócio e presidente do conselho de administração da Fábrica de Chocolates Imperial, S.A.R.L. em Vila do Conde (1932-1977); documentação referente à sua actividade cívica e religiosa na Aliança Evangélica Portuguesa, Beneficência Evangélica do Porto, Associação Cristã da Mocidade e Igreja Evangélica Metodista Portuguesa (1931-1975) e um conjunto de jornais, como o jornal Portugal Evangélico (1920-1930) e O Primeiro de Janeiro (1968-1970).
Silva, Luíz Henrique da.Documentação muito distinta, acumulada por César Oliveira.
Um conjunto é formado por correspondência, provas tipográficas e recortes da imprensa, da autoria de Alexandre Vieira [1º conjunto]. Outro inclui cerca de cinquenta panfletos da oposição política ao Estado Novo (anos 30-40), que completam os existentes no Espólio Pinto Quartim [2º conjunto]. Outro conjunto engloba documentação que reflecte a acção política de César Oliveira quer enquanto dirigente político (MES, ASDI, UEDS, PS), quer enquanto deputado e reporta-se toda ela ao período posterior ao 25 de Abril. [3º conjunto]. Reune também conjuntos de documentação sobre Movimentos Nacionalistas Africanos como também sobre o Movimento estudantil.
[o 1º conjunto está fora de catálogo, o 2º corresponde a DOC - Oposição ao Estado Novo, o 3º conjunto está por tratar, ACTIVIDADE POLITICA, 2024-08, ip]
Oliveira, César.Documentário sobre a actriz Glicínia Quartin por ocasião do seu 80º aniversário. A sua família, o anarco-sindicalismo, a Escola-Oficina nº 1, as leituras em casa dos pais, as prisões, o Mud Juvenil, os teatros experimentais, os surrealistas, o encontro com José Ernesto de Sousa e o desabrochar do Cinema Novo com “Dom Roberto”, a Itália, a fantasia, Beckett, Genet, Vitor Garcia, o encontro com Luís Miguel Cintra – uma vida em movimento.
"Gosto tanto de a ouvir falar, à Glicínia. Mas não queria que ela falasse só comigo. Por isso fiz este filme, para partilhar as minhas conversas com Glicínia Quartin."
Jorge Silva Melo
"Não sei do que gosto mais, se de ouvir o que pensa (que não pára de pensar), se de a ouvir contar tanta vida que viveu (que não sabe estar parada sem viver), se de a ver brincar (que a vida para ela tem de ser festa). Gosto de a ver representar: pensa, mexe-se, brinca, imagina e enquanto representa conta coisas que conhece do que viu nos outros. Conversa, de facto (“não achas?”, “lembras-te?”, “e tu?”, “quero perguntar-te uma coisa”), curiosa de mim, de ti, de todos os outros e de todas as coisas, firme no que decide e a querer saber o que o outro quer, sempre a pedir esse “tu”. Inventa-se e inventa espaço. Transporta a alegria. Sem peso. Sempre em movimento. Porque vive em sedução. E porque ama como ninguém a sua e a minha e a tua e a nossa liberdade. Há mais actriz? Há mais pessoa? Melhor amiga?"
Luís Miguel Cintra
Realização de Jorge Silva Melo. Produção Artistas Unidos. 55 minutos. O Documentário teve exibição comercial, e passou na RTP
Engloba documentos de diferente proveniências sobre Extrema-esquerda, partidos de direita e partidos de esquerda; movimentos nacionalistas africanos e outros movimentos anticoloniais, Movimento feminista, Movimento sindical, Frente Patriótica Nacional,
Arquivo de História SocialO Arquivo Manuel de Lucena contém um conjunto heterogéneo de documentos produzidos e acumulados no decurso das suas actividades científicas e académicas. Destaca-se os projectos de investigação: sobre a extinção dos grémios da lavoura e suas federações (1977-78); o processo português de reforma agrária (1979-1984); os Organismos de Coordenação Económica (OCE) (1977-2015); Interesses organizados e institucionalização da democracia em Portugal (1984-1993?); Descolonização Portuguesa (1995-2003); Investigação sobre corporativismo, coordenação económica e previdência social para entradas no Dicionário de História de Portugal (1977-2000).
Lucena, Manuel de.Tese apresentada ao Congresso Feminista e de Educação promovido pelo Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas em 1924.
Conselho Nacional das Mulheres PortuguesasExistências: 1º Ano, Nº 9, Nº 10, Nº 12, Suplm. ao Nº 12 (1913); Nº 4 (1915)
confirmar nº 4 analógico. A revista saiu: A. 1, nº 1 (13 Fev. 1913) - A. 1, nº 24 (31 Jul. 1913)
Terra Livre (jornal)O Documentário passou na RTP "12 de outubro de 1972: o dia em que perdemos o medo"
o site é https://ribeirosantos.net/ sendo que a secção "Funeral" publica imagens de vários documentos, pelo menos da coleção do José Laranjo.
José de Almeida parece ter escrito a data erradamente na carta, com 10. (Outubro) em vez de 11. (Novembro). O envelope indica 14.11.52; a carta foi recebida a 20 de novembro de 1952. O conteúdo desta carta e da carta de 20.10.1952 também apontam para a conclusão que esta carta é de novembro.
José Pacheco Pereira sugere esta teoria no texto dele no Boletim de Estudos Operários Número 4.
Transcrição:
Estimado amigo
e camarada Pinto Quartim
Acabo de receber sua carta, datada de 13, e já antes tinha recebido uma outra datada de 4, à qual não dei resposta imedaita pelo motivo de há dias me encontrar ausente de Coimbra, de visita a família que tenho na Guarda, e só regressei segunda feira, quando me foi entregue sua carta. Fui logo à delegação do Janeiro levantar os jornais e os livros que o amigo me enviou. Não pude fugir à tentação do interesse de ler dum trago os seus dois livros, cuja leitura me deliciou com algumas horas de prazer espiritual. A sua essência é bem uma critica às anomalias da sociedade burguesa; nas suas páginas brilha com fulgor o espírito crítico e combativo do anarquista às injustiças da sociedade. 300 Contos, e Mulheres são duas peças sociais de valor, que vêm enriquecer o teatro social, tão pouco cultivado no nosso país. Neste aspecto são ricos os camaradas brasileiros. Depois de os ter lido, já andam com maior interesse a ser lidos por outros camaradas, que se revelam encantados pelo desassombro das suas afirmações contra o pântano em que tanta gente chafurda. Agradeço profundamente a sua dedicatória. Temos, também, recebido os seus informes para o nosso trabalho, que estamos prestes a finalizar. Para findar com a maçada de tantos pedidos que lhe temos feito, agradecíamos, caso lhe seja possível, de nos fornecer sobre os livros que mencionamos de Hamon, que foram publicados após a Grande Guerra. São eles: O Movimento Operário na Grã-Bretanha, A Conferência da Paz e a sua Obra, e As Lições da Guerra Mundial. É claro que podem não ser obras essencial mente anarquistas, mas a sua publicação no nosso país, é sem dúvida fruto da actividade libertária em Portugal. Na bibliografia da Terra Livre, encontramos um livro com um título estranho que nos dá ideia de uma "ronda policial" - Um Chinês em Paris à procura do Comunismo. Conhece o camarada Quartim a essência deste livro, para que possa figurar na bibliografia anarquista? Como acima digo, com estes informes, terminamos as nossas perguntas ao camarada, a quem nos encontramos bastante reconhecidos pela sua valiosa cooperação ao nosso trabalho. Somos da opinião do camarada, de que os folhetos que cita deveriam ser fotografados, bem como A Revolução Social — o primeiro jornal anarquista que se publicou em Portugal. Era esse o nosso desejo, se possuíssemos um só exemplar, mas como consegui-lo ? Como em cartas anteriores lhe disse, foi-nos feito esse pedido pelos camaradas do C.R.I.A. Quanto aos jornais a enviar-lhe, cumpriremos o seu desejo. Estamos sempre a receber as nossas publicações de distintos países, como ainda agora sucedeu, mas só lhe enviaremos os que publiquem assuntos de largo interesse. Agradeço o envio de Vida Livre e Despertar que me fizeram reviver momentos agradáveis. Breve farei a sua devolução. Para terminar, informo-o que o número da minha residência é 11-2º, e não 22, como tem vindo, nas suas duas cartas, o que tem ocasionado o distribuidor da "ala pare" não ter encontrado o destinatário, como verifica pelo bocado do envelope junto. Aceite o camarada as fraternas saudações de todos os camaradas de Coimbra, com um especial abraço de Almeida Costa, e do camarada que o estima e admira
José de Almeida
Almeida, José de.Este número do mensário debruça-se sobre o espólio de António Pinto Quartin, fundo decisivo para a criação do Arquivo Histórico das Classes Trabalhadoras em 1979.
Conta com contributos de Goretti Mattias com o texto "Breve apontamento sobre o Boletim de Estudos Operários (1982-1985)" e de José Nuno Matos, do ICNOVA (Universidade Nova de Lisboa), com o texto "A Imprensa Operária na I República: O Avante!: diário operário da tarde (1919)".
Inclui também a escolha do arquivista por João Pedro Santos com o texto "Senhor Presidente do Conselho: Cartas de opositores a Salazar".
Introduz uma novidade no catálogo, disponíveis para consulta presencial, com marcação prévia: o espólio de Luís Henrique Silva, que complementa o de Alfredo Henrique Silva, seu pai, nas redes de solidariedade cristã, num tempo longo.
Destaque ainda para a exposição a Paz, o Pão, a Habitação, com base em autocolantes do fundo de António Costa Pinto, celebrando os 50 anos de abril, no átrio do ICS-ULisboa (até setembro de 2024).
Transcrição:
Estimado Camarada
Pinto Quartim
Com grata satisfação acuso receber sua carta bem como as duas anteriores contendo preciosos elementos para à bibliografia que estamos propagando, de que o camarada tem sido O melhor cooperador. Nem outra coisa seria de esperar, em atenção que o camarada dedicou o melhor da sua vida a esta grande e generosa cruzada de libertação humana, em que uma parcela do mundo das pessoas anda empenhada. Tomei nota de todas as suas respostas e observações às nossas cartas anteriores, o que agradecemos a sua atenção. No pedido que nos foi dirigido de Paris, pela C.R.I.A., para organizar a bibliografia, diziam: "que devíamos coligir todas as obras em que predominasse a in fluência anarquista, ou mesmo as de combate e crítica às ideias anarquistas". Por este motivo, nós procuramos citar as obras pedagógicas de Adolfo Lima, já escritas à luz do pensamento libertário, o mesmo sucedendo com certas obras de Emílio Costa e Campos Lima. Enquanto a Tolstoi, tencionamos publicar só algumas obras —- não romances - — onde ele revela mais o seu pensamento anarquista. Seremos rigorosos na selecção e faremos uma nota explicativa sobre as suas ideias. Seguindo, ainda, o critério do C.R.I.A., citaremos na bibliografia certos jornais de classe, que seguiam a orientação do sindicalismo libertário fortemente influenciado pelos anarquistas. No número desses jornais, contando O Corticeiro, O Construtor, O Sindicalista, O Trabalhador Rural e o Trabalho, da Covilhã. Da Conquista do Pão, de Kropotkin já possuímos nota das 2 edições anteriores à 3a edição que nos enviou, o mesmo sucedendo com a Sociedade Moribunda de Grave. Não nos poderia informar da data em que se publicou o diário - Avante! — —dirigido por José Carlos de Sousa? Continuamos a coligir-todos os elementos possíveis para conclusão do nosso trabalho. Agradecemos o envio sobre literatura e teatro. O informe que nos forneceu sobre a obra - O Proletariado Histórico, vinha incompleto, pois só trazia a nota do tradutor e titular dos capítulos. Não seria possível enviar a data, localidade e grupo ou casa editora? Agora outro assunto, que consiste num pedido particular que se refere aos dois jornais O Despertar e Vida Livre de Coimbra, de que lhe falei na última carta. Estes dois jornais estão ligados a certos factos, do início da minha vida na luta anarquista - há mais de 40 anos - e tinha especial interesse em os rever, porque "recordar é viver", e nesta conformidade, desejaria que o camarada mos cedesse por empréstimo, com a garantia da sua devolução em certo espaço de tempo. Era uma fineza pela qual lhe ficaria muito grato. Conforme os seus desejos, suspendo o envio dos jornais, porém, ainda lhe envio o desta semana, afim de ler o artigo sobre o camarada Hem Day, um dos maiores animadores das bibliografias. Termino agradecendo a sua valiosa cooperação ao nosso trabalho, como também as nossas desculpas pela enorme maçada que tem tido com os nossos constantes pedidos. Aceite sinceras saudações de todos os camaradas de Coimbra, e um abraço espiritual do amigo e camarada, que por tudo lhe está muito grato.
José de Almeida
Transcrição:
Camarada José d'Almeida
Agora que, com a ultima relação enviada ontem, a que se seguira a relativa a Teatro e Literatura, dou por cumprida a promessa que fiz de O auxiliar - auxilio que consistia em enviar-lhe as espécies bibliográficas que possuo — venho responder às várias perguntas de suas cartas. Antes porem quero pedir-lhe desculpa e da forma atabalhoada como me desempenhei da tarefa, devido o à desarrumação do meu arquivo e livraria como ainda ao tempo de que precisei para ler, visto que, tratando-se não de uma bibliografia social mas especificamente anarquista, muitas vezes tive necessidade de ler ou de reler certos livros, jornais, revistas, manifestos e folhetos. Vamos agora às suas perguntas. — Apesar de considerar Tolstoi um anarquista, nenhuma das suas obras devera em meu entender ser incluída numa bibliografia anarquista, porque nenhuma delas e de doutrina.
O mesmo penso das obras de Adolfo Lima . O seu trabalho propriamente anarquista encontra-se espalhado em jornais e revistas com o pseudónimo de João Branco. Os seus livros são sobre pedagogia, e, esta como ciência, não tem rotulo. O único livro que poderá figurar e a tese sobre "Organização social sindicalista", mas que não foi publicada com o seu nome. De Emilio Costa nem todos os seus trabalhos devem figurar. Os que entendo deverem ser incluídos, anotei numa das folhas que lhe mandei. O mesmo sucede com Campos Lima. Este teve pelo menos três jornais diários, com umas tinturas libertarias, mas não nitidamente. - Não conheço em português tradução de Como faremos a revolução de Pataud e Pouget. Tradução do Auxílio Mutuo, de Kropotkine, sei que existe, mas não tenho nem sei quem tenha e nunca vi. Parece-me que tambem existe uma tradução da Conquista do Pão, mas só conheço a da "Colecção Sociologica". Desta Colecção não consegui, nem mesmo com os editores, uma relação completa. Nem todos porem devem figurar na Bibliografia. Dei a nota dos que possuo e entendo poderem ser considerados anarquistas.
- A Terra Livre não chegou a publicar Escola para operários de Emílio Costa nem Neo-Malthustanismo de Gaspar Santos. Os postais publicados tinham uma alegoria e pensamentos (de Adolfo Lima, Neno Vasco, Pinto Quartim e Sobral de Campos.
- Das Figuras do Social so apareceu a primeira: Eliseu Reclus, de Emílio Costa.
- Sindicalismo e Socialismo, de Lagardelle, não conheço. Ha um folheto da "Biblioteca do Movimento Social" — Antiga Casa Bêrtrand, Lisboa, sem data, com esse título, le que insere artigos de varios, sendo um deles de H. Lagardelle intitulado Sindicalismo e Anarquismo.
- Não considero O anarquismo e a questão social de Antonio Serpa, uma obra que se salientasse no combate ao anarquismo. Pelo contrario. Tomando-o a serio, discute-o com muita correcção e sem acrimontia.
- Não conheço em português as Doze provas da inexistência de Deus, de Faure. Josê Oiticica é brasileiro. Não conheço o trabalho a que se refere editado em Portugal. Pertencera, portanto, a bibliografia anarquista brasileira.
- Educação e ensino - de Adolfo Lima e Ensino da Historia tem data de 1914, Karl Marx e Jean Jaures são biografias de socialistas autoritários. O Almanaque de Aurora foi publicado em 1912 mas para o ano de 1913 –
- Acção Directa e Acção Legal, conferencia de Emilio Costa, e de 1911.
- Não confundir as revistas Pão e Liberdade de Silva Junior com Amor e Liberdade. A primeira é de 1908, a segunda, de 1904. Revista com o título Pão e Liberdade não conheço, muito menos de Emílio Costa.
- A data certa da revista Amanha e 1909. Houve outra Amanha, de Campos Lima, 1922.
- Creio que da "Brochura Social" saíram só três folhetos, dá por mim indicados.
- A Obra de Lisboa não sei a data do primeiro número. Procurei e não consegui saber.
- O Despertar, do Porto, é de 1902. A revista de Lisboa Novos Horizontes
- Em 1911 houve em Lisboa um semanário anarquista em Lisboa com o título O Agitador. O Agitador de 1685 não conheço.
- Já fiz menção dos dois jornais de Coimbra Vida Livre e Despertar. Ficamos por aqui hoje. Isto tem de ser condicionado ao tempo disponível. Continuarei por estes dias.
Agradeço o envio dos jornais, mas E preferível enviá-los a quem mais necessite de os ler. Disponho, infelizmente, de muito pouco tempo para leitura de jornais. O material é tão escasso que é preciso aproveita-lo bem. Os novos carecem muito de leitura para conhecer o que pretendemos. As notas que envio não são para publicar. são indicações para si. No entanto, aproveite as que julgar uteis.
Saudações aos camaradas e um fraternal abraço do seu amigo e admirador
Estimado Camarada
Pinto Quartim
Acusamos receber suas duas últimas cartas, pelo que lhe ficamos muito gratos, dado o interesse que manifesta pela nossa iniciativa. Agradecemos os preciosos elementos que nos acaba de enviar, alguns deles de existência desconhecida para nós, que vêm dar um maior relevo à bibliografia que estamos organizando. Aguardamos Os novos elementos que nos possa fornecer, não esquecendo os livros de Adolfo Lima, "Colecção Sociológica", jornais, que decerto deve possuir na estante da sua biblioteca. De Emílio Costa, em caso de possuir, desejaríamos o informe do ano e casa editora dos seus livros - Karl Marx, Jaurés, e Acção Directa e Acção Legal, e Eliseu Reclus - edição da "Seara Nova". Informação sobre O Terror na Rússia, de Kropotkine, Almanaque da Aurora, ano de publicação; Como Educar e Doze provas de inexistência de Deus, de S. Faure; Princípios e Fins do Programa Comunista — Anarquista de José Oiticica, e por último, O Sindicalismo em Portugal, de M. J. de Sousa. Só agora, pela sua carta fiquei sabendo, que, o pseudónimo de Alfredo Guerra, era do Miguel Cordoba — esse grande lutador que foi das nossas ideias em Portugal. Renovando o pedido ao camarada da nossa última carta de, caso possuir repetidos folhetos - Como não ser anarquista, Entre Camponezes e Georgicas - O favor da sua cedência para fins de propaganda:
Outro favor, agradecíamos que O camarada nos satisfizesse, no qual temos o maior empenho. Nos jornais anunciados na bibliografia da Terra Livre, São mencionados dois jornais de Coimbra, que decerto possuirá nas suas colecções —- Vida Livre e Despertar - ao todo 8 números, que temos imenso interesse em consultar, pelo que lhe pedimos a sua cedência, cuja devolução garantimos dentro de poucos dias. Dado o nosso interesse na consulta destes jornais, agradecemos a satisfação desse pedido. Já possuímos cerca de 300 publicações apontadas para a obra bibliográfica. Todas as notas que acompanham os seus informes, serão publicadas.
Aceite o estimado camarada, abraços espirituais de todos os libertários de Coimbra.
José de Almeida
Transcrição:
Estimado Camarada Pinto Quartim
Que tenha regressado de saúde do seu estágio a reconfortar energias, são os melhores desejos dos libertários de Coimbra.
Acuso receber sua grata carta, escrita antes da sua partida, e junto Terra Livre cuja oferta agradecemos reconhecidamente, já porque nos veio reviver todo esse glorioso passado de luta, já porque veio ser um excelente auxiliar ao trabalho que com êxito contamos levar a efeito.
Temos resolvido tudo, contando já com imenso material informativo e original, mas ainda Longe dum trabalho completo, porque nem todos os velhos camaradas têm correspondido-ao nosso apelo. Escrevi ao velho camarada Amadeu Cardoso da Silva, do Porto, com quem em tempos me tinha correspondido, e recebi a carta devolvida com a dolorosa nota - Falecido. Fiquei profundamente impressionado. Vem a "talhe de foice" dizer ao camarada que só hã quatro anos me encontro em Coimbra, aonde regressei, depois de uma peregrinação de 12 anos e meio pelos cárceres fascistas - incluindo 9 anos e três meses no Campo do Tarrafal - onde tive a infelicidade de assistir à morte de camaradas valorosos como Mário Castelhano e Arnaldo Januário.
Vou entrar no assunto que me levou a escrever a presente carta: pedir ao camarada para nos fornecer todos os esclarecimentos possíveis para bom êxito do nosso trabalho. Decerto, na impossibilidade de nos ceder os jornais, revistas, folhetos e manifestos da infância do anarquismo em Portugal, agradecíamos que nos enviasse os seus títulos, grupos editores e ano de publicação. Em caso de envio de algumas publicações, nós nos responsabilizamos pela sua devolução sem qualquer desvio.
Pelo menos, desejaríamos o envio de um exemplar de cada jornal, porque tencionamos fotografar alguns. Em todo o trabalho que temos realizado, achamos um grande vácuo nas publicações de 1901 a 1910.
Teríamos interesse de consultar Guerra Social e alguns números d'O Protesto das duas séries, ou que nos informasse, se a 2a série do Protesto se publicou após a suspensão da Guerra Social.
Apesar de nesse sentido termos empregado os melhores esforços, não temos conseguido adquirir a colecção de A Sementeira, que seria um excelente elucidário sobre as publicações dessa época.
Como calculámos possuí-las, agradecíamos que nos prestasse os esclareci mentos seguintes: em que ano se publicavam os jornais - A Obra, de Lisboa; O Despertar, do Porto; Novos Horizontes, revista de Lisboa; Pão e Liberdade, jornal publicado pelo falecido camarada Emílio Costa ; Amanhã, porque julgamos errada a data de 1903 mencionada na Terra Livre. Desta revista, teríamos desejo que nos cedesse, por empréstimo, um exemplar afim de fotografar a capa. Igual pedido fazemos da Paz e Liberdade, caso a possuir.
Na bibliografia da Terra Livre, vem mencionados dois jornais sem localidade: O Petardo Anarquista, 1896, e O Agitador, 1885? Tendo ideia, se não estou em erro, de em 1911,se ter publicado-em-Lisboa-um semanário-com o título O Agitador. A Terra Livre, chegou a publicar os folhetos que anunciou - Escola para Operários, de Emílio Costa, e Neo-Maltusianismo, de Gaspar dos Santos? Os postais que publicou eram fotografias de camaradas, ou alegorias sobre o ideal?
Escrevemos à "Livraria Guimarães" para nos elucidar da data em que foram publicados os livros da "Colecção Sociologica",e não obstante ter-lhe enviado a importância para a resposta, não se dignou responder.
Numa lista à parte enviamos esses livros, caso o camarada os possua na sua biblioteca, seria favor pôr-lhe a data, bem como os do camarada Adolfo Lima, que desejamos incluir na bibliografia.
Quantos folhetos editou a "Brochura Social" e quais os seus títulos? Caso o camarada possua alguns folhetos repetidos, do Como não ser anarquista? e Entre Camponezes, agradecíamos o seu envio, agora com o objectivo de propaganda, porque o núcleo libertário luta com falta de literatura para esse fim.
Desculpe o camarada toda esta maçada, mas aproveitando esta tenebrosa época de inactividade, estamos empenhados em realizar um bom trabalho, com a ideia que melhores dias hão-de despontar em Portugal, e daremos então publicidade ao trabalho, num pequeno volume que constituíra um marco de referência para todos os estudiosos que desejem conhecer a história literária do movimento anarquista em Portugal.
Não obstante as dificuldades que nos oferecem em conseguir máquina para a manufactura da bibliografia, se nos fôr possível vencer essa dificuldade, ofereceremos um exemplar ao camarada.
Enviamos junto alguns jornais. Vai o jornal A Obra, da Argentina, de Fevereiro último, que insere as declarações de "Charlot", a que faz referência O número recente de Solidariadad Obrera. La Obra, como toda a numerosa imprensa anarquista argentina, publica-se clandestinamente, devido à ditadura Peron.
Aceite o estimado camarada, abraços espirituais dos libertários de Coimbra, e um especial do professor Almeida Costa
José de Almeida
Almeida, José de.Lista de manifestos anarquistas feito pelo Pinto Quartin.
Quartin, António Tomás Pinto.Existências: Nº 1 - Nº 6 (1909)
AMANHÃ – “Revista popular de orientação racional dirigida por Grácio Ramos e Pinto Quartim em Lisboa, de 1 de Junho a 15 de Agosto de 1909, seis números.
Periódico anarquista, foca temas de actualidade na época: faz a apologia do amor livre, do divórcio, da pedagogia libertária, do ateísmo e da nova ortografia.
Apresenta artigos de grande qualidade.
Eis um excerto do editorial:
«Quem somos? Somos os precursores do futuro, os precursores do amanhã. O que queremos? Queremos pão, liberdade, ciência e bem-estar para todos os que compõem a família humana. Queremos que a cada indivíduo assegurado seja o seu máximo de felicidade.»
Noutro passo, afirma-se nomeadamente que a revista se publica «rompendo com todo o passado, sem respeitar nem ídolos, nem deuses, nem dogmas, nem preocupações» e que tem como objectivo supremo a instrução científica e racional do povo. Este periódico constitui um importante acervo das ideias progressistas do início do século.
No número inaugural Tomás da Fonseca publica um excerto dos Sermões da Montanha, Emílio Costa o artigo «Eduquemos Sempre»; no n.º 4 homenageia-se o geógrafo anarquista Elisée Reclus. Principais colaboradores: António Altavila (3), Augusto Casimiro (3P), Bento Faria (2P), Coriolano Leite (6P), Dikran Elmassian (6), Elisée Reclus (4), Emílio Costa (1), José Bacelar (1C, 4P), Kropotkine (4), Manuel Ribeiro (1P), Pinto Quartim (1,5), Tomás da Fonseca (1)”.
In PIRES, Daniel, Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX (1900-1940), Lisboa, Grifo, 1996, pp. 64-65.
Ramos, Grácio.A carta em si não tem data, mas o envelope atribuído indica 27.11.52
José Pacheco Pereira atribui esta carta como anexo à carta do 10-09-1952 (PT-AHS-ICS-PQ-CP-003-01), no Boletim de Estudos Operários Nº4
Transcrição parcial:
Os camaradas da "Comissão de Paris" na circular que nos enviaram, pedem-nos para mencionar na bibliografia as obras que mais se tem salientado no combate ao anarquismo. Nestas condições encontramos O Anarquismo.de António Serpa Pimentel, que além de escritor, julgamos ter sido ministro da Monarquia, mas que no seu livro é honesto na crítica ao anarquismo, salientando por vezes a sua superioridade. Os camaradas da Comissão Local, pedem para consultar o camarada Quartim, se é sua opinião que as obras de Tolstoi devem figurar na bibliografia. Temos apontados os livros seguintes: A próxima Revolução, A Escravidão Moderna, Ao Clero, Últimas Palavras, Único Meio e A Paz e a Guerra, que salientam O seu combate à autoridade, ao Estado e ao militarismo, mas fortemente eivadas da mística religiosa tolstoiana.
José de Almeida
P.S. Se possuir Figuras do Social, de Emílio Costa, indique-nos a data da sua publicação.
Transcrição:
Estimado Camarada
Pinto Quartim
Acusamos receber vossa carta, e junto os três magníficos clichês, e quando nos propunhamos a responder, recebemos vossa segunda carta com os restantes clichês. Principiarei com a resposta, que já constitui lugar comum: "a nossa bibliografia" está de parabéns com o envio dos clichês, valiosos. documentários para seu engrandecimento. Ficamos muito satisfeitos, porque nos vieram pôr, em contacto com um passado já distante do nosso movimento. Admirámos a maneira simples e clara como se expunha ao povo as nossas ideias. Em primeiro lugar, retribuo-lhe em. nome dos camaradas de Coimbra, os desejos dum ano feliz e alegre, cheio de felicidades em companhia dos entes que lhe são mais queridos. Pelos folhetos A Revolução Anarquista em Portugal, verificámos que, de 1870 a 1877, já houve actividade anarquista no nosso país, e por consequência devia haver coisas impressas, mas nada possuímos dessa época — a não ser o folheto de Kropotkine, que vem no clichê. Pelo cliché de A Revolta tomámos nota de mais um jornal anarquista — — O Rebelde - que se fundiu com Revolta. A propósito, lemos no jornal anarquista - A Verdade — de Coimbra, 1903, que em breve apareceria em Lisboa, um outro jornal anarquista — Terra Livre. Não tem conhecimento ? E ainda duma revista Luz e Vida ? E para fechar a interminável série de perguntas que lhe temos feito, não terá igualmente conhecimento da publicação em Lisboa, aí por 1920, dum jornal com o título A Voz da Razão ? O livro de Pedro Esteve, desconhecíamos a sua existência. A Voz Acusadora de Faure, publicou-se no Barreiro, em manifesto. Ainda sobre as obras de Emílio Costa, temos conhecimento de dois livros dele sobre Réclus. Um editado pela "Seara Nova" que li e creio ter sido em 1933. O outro Figuras do Social, não será anterior a esse ? Por descuido nosso inutilizou-se o verbete do folheto Pela Educação e pelo Trabalho, de Adelino Pinho. Queira ter o incómodo de o repetir. Desculpe tanta maçada. Acabamos de receber do C.R.I.A. uma circular (dirigida a todos os países, é claro) pedindo para ultimar em 1952 as bibliografias. Vamos concluir o nosso trabalho, e empregar todos os esforços para ser feito à máquina - um [...] difícil, porque todo o mundo tem medo. Manuscrito ou dactilografado, será destinado um exemplar para o camarada, afim de apreciar o trabalho — notas, prefácio - e todo O seu — conjunto. Por hoje receba o estimado camarada, fraternais saudações de todos os libertários de Coimbra, com a maior estima do amigo
José de Almeida
P.S. — Nunca lemos os-dois folhetos de Gonçalves Viana, mas temos a impressão que deve citar várias publicações anarquistas anteriores a 1877, isto é, desde 1870. Se não fosse incómodo demasiado, o camarada passaria uma "vista de olhos" aos folhetos, e tiraria os apontamentos de que por lá existisse. Ou no caso de os seus afazeres, não lhe permitirem esse trabalho, ceder-nos-ia os folhetos, que enviaríamos breve junto com os jornais em minha posse. Teríamos interesse em pesquisar esses anos, para saber o que se tinha publicado do nosso movimento
José de Almeida
Transcrição:
Pinto Quartim
Acuso receber sua prezada carta e junto envio mais alguns informes para o trabalho que estamos realizando, contando já cerca de 400 publicações, devido em grande parte ao esforço e dedicação do camarada. Julgamos a bibliografia que estamos elaborando como muito útil e indispensável para o futuro do movimento libertário português, motivo porque a estamos preparando com entusiasmo e cuidadosamente. Estamos satisfeitos com o conseguimento dos clichês, e se lhe fosse possível, incluiria A Revolta, igualmente da época da Revolução Social. O livro de Pierre Bernard, já o possuíamos, mas sem informes que valorizassem a sua inclusão na bibliografia. Por acaso não terá conhecimento dum folheto ou manifesto — Voz Acusadora - de S. Faure, publicado em 1931 ou 32, em Lisboa ou Barreiro? Temos uma informação da sua saída, mas sem dados suficientes. Também, temos por identificar, os seguintes folhetos: Pela Educação e pelo Trabalho, e Quem não trabalha não come, de Adelino Pinho; O principio do fim, de Ricardo Mela; Maximalismo e Anarquismo, de Josê Lorenzo; Programa Socialista — — Anarquista Revolucionário, de Malatesta; A Liberdade, de B. Lazare, e a edição portuguesa do Evangelho da Hora, de Berthelet. Possuímos só as edições brasileiras. O folheto Da Propriedade, de Eduardo Maia, é efectivamente de 1893. Não possuirá O Petardo Anarquista que nos possa dar dados da sua publicação ? Extraímos a indicação da Terra Livre, mas não traz localidade ou grupo editor. Desculpe toda esta maçada. Dos jornais que nos chegam de diversos países -mais assiduamente do Brasil, México e França, ser-lhe-ão enviados sempre que publiquem algo de maior interesse. Aceite o amigo fraternas. saudações dos camaradas de Coimbra, não esquecendo Almeida Costa, e do camarada dedicado
José de Almeida
P.S. -— Enviei-lhe 2 números da Soli que se ocuparam da entrada da Espanha na "Unesco", que tanto está apaixonando o mundo livre. Vou enviar-lhe outro número com o relato do Comício dos intelectuais de Paris, sobre o assunto. Era favor, caso lhe seja possível, de nos fornecer ainda as seguintes informações: data e grupo editor dos folhetos - A Revolução Social e Sindicalismo, de Archinof; A Três Internacionais Sindicais, de Shapiro. Cremos que estes dois folhetos são da Editorial "Batalha". A felicidade de todos os seres na sociedade futura, de Gonçalves Correia.
Sem mais Jose de Almeida Estimado Camarada
Transcrição:
Estimado Camarado
Pinto Quartim
Acuso receber a sua prezada carta de há dias, a cujos assuntos asso a responder. Em primeiro lugar, os camaradas agradecendo-lhe reconhecidos a oferta dos livros, porquanto a sua leitura pelo fundo moral do seu conteúdo, lhes foi bastante agradável, daí o desejo de os adquirir. Como anteriormente já lhe tinha dito, temos o maior interesse no facsimile da Revolução Social, por ser o primeiro jornal anarquista publicado em Portugal, simplesmente não desejaríamos estar a sobrecarregar o camarada materialmente, porque já basta a valiosa cooperação que nos tem prestado. O folheto mais antigo que temos mencionado na bibliografia é: Da Propriedade, do Dr. Eduardo Maia, que mais tarde publicou A Autoridade e a Anarquia. Data 1873. Além deste seguem-se alguns de Kropotkine, Hamon, etc., mas talvez, o mais interessante seria o fac-simile dos folhetos de Gonçalves Viana, a saber: A Evolução Anarquista em Portugal , Anátema e Derrocada. Figuram ainda como dos primeiros - o processo dos anarquistas de Lisboa — 1888; A Sociedade Futura — 1891; Os Mártires de Chicago - 1893; Os Mártires do Porvir - 1893; estes dois últimos editados pelo grupo "Revolução Social". Manifestos - mais antigos mencionados, temos: Manifesto do Grupo Comunista — Anarquista de Lisboa - Aos trabalhadores de Portugal - 1888; Manifesto dos Trabalhadores - assinado por um grupo de rolheiros comunistas anarquistas do Poço do Bispo — 1889; Manifesto dos anarquistas dos oprimidos - pelos anarquistas do Porto - sem data —, mas deve ter sido publicado em 1888 a 89; Circular do Grupo Revolucionário Comunista — Anarquista - 1891; Aos Grupos e Associações Operárias em geral, pelo Grupo Revolucionário Anarquista 11 de Novembro — 1891. Seria interessante, se os possuir, um clichê destes dois documentos, hoje raríssimos. Manifesto dos grupos anarquistas aos trabalhadores portugueses. Editado pelos grupos anarquistas portugueses. Impresso em Barcelona na imprensa de El Produtor — 1891. Tão bem como nós, o camarada saberá fazer a selecção destas publicações para os clichês, que de facto mais valorizam a bibliografia que estamos elaborando. Como já anteriormente lhe tinha dito, os camaradas do C.R.I.A., na sua correspondência, diziam-nos para incluir na bibliografia tudo quanto indicasse actividade dos anarquistas, e ainda, as obras de crítica e combate ao anarquismo. Foi essa a razão que nos levou a incluir obras, jornais e manifestos do próprio sindicalismo onde predominasse o espírito libertário e que tenha feito sentir a acção dos anarquistas. Extraindo do nosso trabalho, futuros camaradas, farão a bibliografia netamente anarquista.
Aceite caro camarada saudações de todos 0s amigos de Coimbra, e um especial abraço do Almeida Costa e do camarada dedicado que é o
José de Almeida